Não é sobre corrida que vou falar hoje, também não é sobre os dias ruins que graças à Deus ficaram para trás, mas sim sobre nossa subida ao Pico Naiguatá que já tinha dito por aqui que estava planejando para dezembro em E Felicidade é Para Ser Compartilhada. Já estamos em janeiro mas só agora consegui um tempinho para compartilhar a beleza destes dois dias ;)
E foi assim:
O dia 19 de dezembro foi de pura euforia e ansiedade.
Sabe quando é dificil até dormir tamanha a emoção?
Pode parecer exagero, mas é que este ano foi barra com todos os dias de dor, a cirurgia, a sessões de fisioterapia.
A espera por este momento foi grande. O momento de colocar meu corpo em movimento novamente. Estar longe das corridas, da academia não foi nada fácil.
Tomei o cuidado de ir conversar com minha Fisiatra antes de subir o Ávila. Queria ter seu aval, porque apesar de me sentir bem, não queria arriscar nada. As sessões de fisio já haviam chegado ao fim a umas semanas atrás, quando já estávamos apenas com o reforço muscular.
E já que estava tudo bem, o que me restava era curtir o momento, com toda a ansiedade e felicidade em mim.
Saimos de Maracay dia 20 para passar a noite na casa de Angela, a culpada de tudo isso :)
Tudo pronto para a subida ao Naiguatá |
O ponto importante do planejamento da subida é o quanto de carga se vai levar. Tem que ser suportável, e no meu caso o mais leve possível. Por isso quem ficou com a pior parte foi Rodrigo, que carregou toda nossa tralha pesada. Conseguimos planejar bem a comida para os dois dias, mas quanto a água havia uma dúvida, levamos para os dois dias com um certo temor de que daria. E contamos que poderíamos conseguir mais no alto da montanha.
O dia 21, começou com um certo atraso, normal é claro, por se tratar de um grupo de 9 pessoas. O dia estava excelente, fresco, com sol, e sem chuva, gracas à Deus.
O Grupo |
Foi realmente difícil a subida, muito diferente de 2012, quando treinava todos os dias. Confesso, que em muitos momentos me sentia incapaz de seguir tamanho o cansaço, mas por sorte todos os pontos de parada chegavam na hora que estava no limite da exaustão.
É simplesmente mágico este contato com a montanha. Seus sons, a umidade, o cheiro, o contato do corpo todo com a natureza, é algo inexplicável. Passo após passo, a gente vai se conectando cada vez mais com estas sensações e não há espaço nenhum para pensamentos que não estejam relacionados com aquele momento. Hoje me dou conta que toda minha vida, problemas e preocupações deixei aqui embaixo naquele dia. Não é de propósito, simplesmente acontece. Tem também o estar sempre alerta com a segurança, porque há trechos do trajeto que são perigosos, e deve-se estar sempre alerta, não queria me machucar e não poder seguir caminho.
A parte da manhã foi difícil e quando chegamos ao Pico Goering, que está a 2470m, já era a hora do almoço. Não sentia fome, mas muita muita sede e uma vontade incontrolável de me deitar no chão e dormir. É loucura, essa sensação que dá depois de um esforço fisico extremo, sinto um sono incontrolável. Mas para repor as energias me obriguei a comer um pouco. O sol estava implacável e no Pico Goering, não têm árvores, somente uns pequenos arbustos, onde os montanhistas se abrigavam. E haviam muitos neste ponto, uns subindo, outros já descendo.
Descansamos por uns 40 minutos e seguimos caminho.
O grupo se dividiu em 4 blocos, por todo o caminho de subida, separados por alguns minutos de caminhada. Eu e Rodrigo eramos o segundo bloco. E nos pontos de encontro e parada para água todos se reuniam, trocavam algumas informações de estado e seguíamos o caminho, saindo novamente os mais descansados primeiro.
Esta segunda parte da subida, é a que mais me agrada, pela facilidade do caminho, e pela beleza da paisagem. E então pudemos tirar mais fotos e aproveitar toda aquela beleza.
Eram já 4 da tarde quando por fim chegamos ao Anfiteatro, local do acampamento.
Eu não tinha certeza se poderia continuar a subida ao Pico Naiguatá, que está a 2.765 m, mais uns 15 minutos de subida, mas por sorte decidimos montar acampamento e deixar os pesos para irmos livres até o Pico e assistir o pôr do sol.
Antes nos reabastecemos de água porque na volta já seria noite.
Fomos para o Naiguatá, e para chegar lá tem que subir em pedras, muitas pedras e adivinha quem dei uma caidinha? Mas tudo bem, cheguei sã e salva lá em cima.
E lá no alto, no ponto mais alto do Ávila tive certeza, valeu a pena!
Que maravilhosa a vista. Beleza para todos os lados.
Me senti cheia de felicidade e paz!
É lindo demais e a vontade é ficar ali sentado, admirando, meditando, sentindo.
Pico Naiguatá |
Pouco a pouco o sol foi se pondo e deixando aquele rastro cor de laranja no céu.
Pôr do Sol no Naiguatá |
Havia um pouco de luz quando começamos a descer, e chegamos ao acampamento já escuro. E aí sim começou o frio de verdade.
Entrei na barraca para um descansinho antes do jantar, mas foi impossível sair depois disso. O frio era muito grande e eu sentia um cansaço enorme e não tinha ânimo para sair. É claro, teve o grupinho da cachaça que esquentou de qualquer maneira.
A noite foi muito fria e queria ter levado mais roupa :'(
Pela manhã frio, neblina...
Esperamos o tempo melhorar para a descida, enquanto isso as histórias maravilhosas de barracas que voaram, da chuva que molhou tudo. Me diverti muito, com direito a vídeo da Angela dando aquele esbregue no Tom pela falta dos pinos de fixação da barraca dela.
Depois do café estilo Naiguatá, começamos a descida, animados, felizes, revigorados. Não se volta para casa do mesmo jeito depois de uma experiência desta.
A cada metro descido o calor voltando ao corpo, e descer foi mais difícil que subir. Subir teve um esforço muscular incrível, mas descer era suportar o músculo fatigado de ontem pedindo descanso.
Chegamos ao Goering novamente, e apartir daí é que já não tem mais conversa, não tem mais paradas desnecessárias. Tudo o que se quer é descer, descer e descer. Chegar o quanto antes aos pés do Ávila.
Tenho muito a agradecer. Graças a Deus fui capaz de viver esta experiência. Foram dois dias que jamais esquecerei e que levarei na memória como o grande momento da minha vida na Venezuela.
Pela manhã frio, neblina...
Acampamento no Anfiteatro |
Depois do café estilo Naiguatá, começamos a descida, animados, felizes, revigorados. Não se volta para casa do mesmo jeito depois de uma experiência desta.
A Partida |
Chegamos ao Goering novamente, e apartir daí é que já não tem mais conversa, não tem mais paradas desnecessárias. Tudo o que se quer é descer, descer e descer. Chegar o quanto antes aos pés do Ávila.
Pico Goering |
Vana