quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Maratona

A Maratona

Nossa mente se esgota, se cansa assim como nosso corpo quando realizamos uma atividade por um período de tempo mais prolongado. E isso se manifesta quando corremos uma maratona. Assim como treinamos nosso corpo para conseguir maior resistência, potencia muscular e flexibilidade devemos treinar nossa mente para atingir uma capacidade maior de concentração, atenção e sacrificio, e assim, retardar um esgotamento prematuro.
Segue abaixo os diferentes níveis de ânimo durante a corrida e como diminuir os efeitos adversos para aproveitar ao máximo cada quilômetro.


A EUFORIA - Vai desde os minutos prévios a largada até os primeiros quilômetros (4 ou 5K). Aqui se mesclam pensamentos de alegria, onde tudo parece sensacional, com outros que refletem as primeiras dúvidas: “E se saio mais rápido? Não fui muito conservador no meu plano?”  Isso se deve a que nos sentimos íntegros físca e mentalmete. Deve-se ANTECIPAR o que nos vai acontecer em cada momento da corrida. É bom aproveitar as sensações que se produzem em cada etapa porque fazem parte da maratona, mas devem ser controladas porque depois da euforia chegará o cansaço. Recomendamos iniciar a prova tranquila, sem pressa, a seu ritmo, sem se deixar levar pelo entusiasmo dos outros. Assim, no final, além de ultrapassar muitos corredores imprudentes, poderás desfrutar com tudo o momento final.

A TRANSIÇÃO - Vai desde o quilômetro 16 ao 23. Psicológicamente falando, esta etapa é nossa, porque é quando realmente nós corredores deixamos para trás a festa e, focados, começamos a correr de maneira correta. Ainda estamos inteiros fisicamente e nossa mente continua pensando positivo. E temos uma nova oportunidade de revisar como estamos fazendo as coisas, já que se viemos arrastando um erro das etapas anteriores, por exemplo, correr mais rápido do que devíamos, poderemos fazer ajustes antes que o dano seja maior e seja notado nas próximas etapas.

A GESTACÃO - Ocorre entre o quilômetro 24 e a "parede" (aproximadamente no quilômetro 32). Apartir daqui tem início a verdadeira maratona: as pernas começam a se sentir cansadas, começamos a sofrer mentalmente. Nos fixamos mais no que falta, do que no que já percorremos. Em outras palavras, nos angustiamos até decair. Se pudermos controlar os pensamentos, vamos enfrentar nosso cansaço com uma melhor atitude. É preciso ensaiar previamente os pensamentos positivos que devemos usar nesta fase: "Isto já me esperava...” “Esta dor é normal, estou correndo a muitos quilômetros.” “Faz parte da corrida" etc. Assim anulamos todo o sofrimento mental limitando tudo a uma mera dor física que ainda é suportável.

A FATURA - Entre o quilômetro 32 até o 42, onde somos cobrados pelos erros cometidos. Mais tarde, se fizermos tudo bem, ou cedo o corpo se esgotará e a mente somente quererá o final. Já não ouvimos o público fervoroso, só os nossos gritos interiores: "Eu não consigo mais..." "Caminharei um pouco...". CONCIENTIZAÇãO  é a chave: sabendo desde a largada que esta fase nos alcançará, podemos reduzir o seu efeito não pensando no final, mas em pequenas metas: "Que este corredor de vermelho não se distancie de mim, posso acompanhar seu paso." "km 38? Agora estamos no 39!"; Devemos distrair nossa mente: Não olhar para o chão, mas para as pessoas e ouviremos suas respirações. E a placa do km 42 chegará  mais cedo do que imaginávamos.

O ÊXTASE FINAL da corrida - Últimos 200 metros. Fixamos a visão no final do trajeto e já podemos ler a maravilhosa palavra "CHEGADA". O que terão estas letras de milagrosas, que nosso ânimo se recupera imediatamente até um ponto inigualável ao de toda a corrida. Sentimos e vemos este ânimo no rosto dos outros corredores. Já não temos que lutar contra os pensamentos negativos: Eles já não existem! Já não se sente o calor, nem a dor, tampouco o cansaço do corpo! "Eu fiz! Eu consegui!" Mais do que um momento, é uma experiência difícil de resumir em palavras. E o público nos olha com admiração, e nós sentimos heróis... Anônimos, mas heróis por final!

Texto publicado na página "El Mundo de los Corredores",  e traduzido por Diário de Corridas.